domingo, 6 de fevereiro de 2011


Um dia tu despertas, após ter tido dois tipos de sonhos.
O primeiro não te lembras, porém o último,
querias não recordar.
Escova teus dentes. Come teu pão.
Lê as notícias do dia e assim vai para o trabalho.
Com o sonho que carrega contigo.
E tu te inquietas porque não o deixas.
E tu não o deixas porque te provoca.
Tentas arrancá-lo à força como se fosse uma farpa debaixo da unha
mas a memória,
a memória é um músculo que lateja!
E o sonho que durou a manhã inteira te convida para almoçarem juntos
e antes, sequer, de tê-los digerido, o jantar chegará com as horas
mas a tua fome não.
E elas se arrastam com os ponteiros, dispostos. E o teu ânimo não.
E o telefone que toca, não toca mais alto que o teu coração.
Mas já não te irritas.
Pois tua cabeça está longe e a única garantia que vivo estás,
(além do teu peito que arfas),
são os teu olhos, marejados.
E já não pisca pois até teu suor escorrendo na nuca parou para te lembrar.
Que o sonho que tiveste primeiro, fora tua vida inteira até ontem
e o segundo,
como ela poderia ter sido.
E tu, nessa hora compreende
que o que te frustra, não é o sonho que lembras,
nem a vida que ignoras.
Tu te condenas pelo descontrole nas pálpebras
e no teu corpo,
que só obedecem a tua consciência,
ditando o quanto vale a pena sonhar
e até onde deve manter-se acordado.

Que sua vida
seja decidida
por um movimento
involuntário

E agora que amanhece, a realidade é só uma:
tudo estará se abrindo.
Menos teus olhos cansados.

Nenhum comentário: