quinta-feira, 30 de julho de 2009

Onde Vivem Os Monstros

Baseado na obra do escritor Maurice Sendak em 1963, um clássico da literatura infantil de apenas 338 palavras foi convertido em longa na mão do diretor Spike Jonze. Conta a história de Max, um garoto malcriado que é mandado de castigo sem jantar. Sua mãe o chama de “wild thing” e a partir disso ele vai para o quarto imaginando uma terra onde essas criaturas vivem e que o transformam numa espécie de rei.


Estréia prevista para 23 de outubro no Brasil. Trailer no site oficial do filme.

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cê tá pensando que ele é Lóki?



Dia escuro, tarde gelada, nada pra fazer. Quarta-feira. Dia de ir ao cinema. Meia hora antes da única sessão (da 7º semana de exibição) começar, percebo o infortúnio de se sair apressada de qualquer lugar: falta de munição. Por quê toda vez eu sinto que meu boleto de mensalidade se parece mais com uma carta de alforria? Ok, eu digo à moça, me vê uma inteira. Sou assaltada à queima-bolso mas ninguém mandou ser peroba e deixar uma arma daquele calibre burocrático em casa. Sendo mais otimista, não terá uma alma no cinema, aposto comigo. Dois véio. Êba. Cinco minutos depois da sessão começar, um/uma casal lésbica entra na sala papeando. Pior que mulher com amiga no cinema é mulher com namorada. Discutir relação aquela hora é de cagar. Um shiu serviu, e a introdução ao vivo de lariiii lariiii chuta nossos estômagos. O Arnaldo parece o chapeleiro maluco depois do diazepan. Dá vontade de ser ele por uma hora, igual no Quero ser John Malkovich, com doses amplas de adrenalina. Como disse Tom Zé :“você não vê ninguém perto dele, ao seu lado, quando o cara tá ali sentado, quieto. A sabedoria mete medo nas pessoas.”

Afastado do mundo desde muito tempo, vive em seu próprio mundo. Do tipo que constrói uma nave espacial e não avisa ninguém para manter segredo, mas convida pessoalmente o capitão. É como uma eterna criança com a diferença de já ter andado pelo lado negro da lua. Para esquecer isso ele pinta. Observa uma tela em branco como se olhasse a quinta dimensão. Talvez ele veja. Que inveja.

Sentir a que ponto a expansão mental de um sobrevivente que se atirou do prédio provoca é xamânico. Olhar por uma tela grande a influência que o som daqueles rapazes provocavam no público beira o orgásmico. Você resmunga: inventem logo a máquina do tempo, terráqueos. Só para ir correndo comprar um ingresso de festival.

No Brasil da década de 70 o flower chegou mas o power já tava instaurado por outros, como numa bad trip epidêmica, a ditadura. E isso pesa o legado revolucionário que Os Mutantes imprimiram no mundo: impunha-se uma geração X quixotesca. Corajosa. Insana. Virtuosa. Eram três, não precisaram nem de um quarto.

Sean Lennon e imagens de Curt Cobain aparecem para venerar sua majestade. Mas a maior revelação do documentário foi o espinho proposto em forma de dilema: se pudesse escolher entre uma apresentação dos Mutantes e uma dos Beatles, qual você veria?

Assistam Lóki. Garanto ser mais refrescante que tomar banho após um acampamento. Vai planejar uma Fuga para a catarse, tocar, até o dedos latejarem. Cantar até sua voz pedir de joelhos um pulmão extra. Dançar até suas entranhas explodirem dentro do corpo. Astronauta libertado. Esse é o espírito da vida.

Faltou o visceral, num depoimento de Rita Lee. Ainda que, e sem mistério algum, ela escolha Beatles ao vivo e a cores, eu lhe direi curvada: escolho Mutantes. In Tecnicolor.


“Somente quem muda permanece em meu mundo”. Fridriech Nietzsche




terça-feira, 28 de julho de 2009

Eterno Retorno



Uma criança entra em um quarto para voltar a sua bola.
Lentamente,todo o espaço torna-se cheio de personagens
bizarros que repetem seus gestos cotidianos ad infinitum.


A vida acontece no seu dia-a-dia. E ela se repete. Imagine dezenas delas confinadas num quarto. Praticando as mesmas coisas, a toda hora como em um ctrl+c/ctrl+v premeditado. Se comandos fossem notas esse lugar teria uma trilha: Tango.


"Trinta e seis personagens de diferentes fases da vida - representações de diferentes épocas - interagem em uma sala, deslocando-se em loops, observada por uma câmera estática. Eu tive que desenhar e pintar cerca de 16.000 células-mates, e fazer várias centenas de milhares de posições sobre uma ótica impressora. Demorou sete meses, dezesseis horas por dia, para fazer a peça."

Texto completo no site

Prova do quanto a edição de um filme é fundamental na hora de transmitir uma história, esse vídeo animal foi ganhador do Oscar em 1983 na categoria Melhor Curta de Animação além de outros cinco prêmios importantes. Do diretor polaco Zbigniew Rybczynski saúde, uma animação duca sem as técnicas de 3D, massinha e essa parafernália tecnológica de hoje. Na época, rendeu uma estatueta dourada mas, sinceramente? Palma pro cara. De ouro.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Junte-se à eles quando fizer algum sentido



The Decapitor


Li uma matéria da Super esse mês e fiquei um tanto quanto absorta. Realmente procurei dados como dizem ser escassos, e poucos são os divulgados.
Há um fenômeno chamado de coletivos ao redor do mundo, muito do esquisito. Se você ainda não percebeu, não é motivo (ainda) para entrar em parafuso. Culpa da mídia que raramente o menciona. Leia essas manchetes non-sense:

Em Roma dezenas de pessoas seqüestram um ônibus, e munidos de aparelhos eletrônicos iniciam uma festa lá dentro.

Placas indicando lugares históricos sombrios surgem misteriosamente nas ruas de Nova York, indicando por exemplo, mercados onde leiloavam-se escravos no passado.

A última sexta-feira de cada mês centenas de ciclistas se reúnem aparentemente “por coincidência” na hora do rush travando o trânsito em mais de 300 cidades nos quatro cantos do mundo.

Assim como placas de trânsito na Amazônia são adulteradas de repente, adesivos com mensagens doidas multiplicam-se todos os dias pelas capitais e um estabelecimento estranho, como a Loja Grátis, abre em Belo Horizonte. Tudo isso tem conexão entre si, são obras dos coletivos, um movimento atual que causa desconcerto no seu cotidiano monótono.
Quem o faz geralmente é autor de coisas grandiosas que por um minuto você bateria o olho e diria que é arte. É mais. São construídores de ferramentas para tornar o mundo mais questionável.
Intervenções como a de Marcel Duchamp foram precurssoras em pôr interrogações naquilo que era considerado arte. A revolta de 68 dos estudantes na França, foi em muito auxiliado por situacionistas influenciados pelo marxismo: eles faziam pichações e cartazes anônimos para combater uma cultura da qual não concordavam. Os coletivos de hoje continuam com esse intuito mas para isso criaram outras maneiras de chamar sua atenção. Na Itália 4 artistas vienenses criaram um coelho felpudo gigante que levou 5 anos para ser tecido e dá pra ser visto no Google Maps. O motivo? Dizem que é uma reflexão sobre a decadência. Detalhe: ao seu lado são exibidos suas entranhas coloridas para mostrar que ele vai ficar apodrecendo até 2025. Mas calma, a bizarrize não acaba...
Os coletivos mais curiosos são os que discutem hábitos, arte, política e economia. Superflex resume bem: 3 dinamarqueses decidem produzir guaraná na Amazônia após descobrirem que a produção da bebida era controlada por um punhado de grandes empresas de refrigerante que repassavam os lucros de forma miserável aos agricultores. O “guaraná da justiça” foi lançado na Europa com direito até de um irônico comercial em linguagem publicitária. Hoje, todos são bem pagos.
Contra fatos não há argumentos: pessoas sozinhas não costumam fazer grande coisa na Terra. Basta ver o que é o Wikipedia e sistema Linux como provas da onda colaborativa na internet. Já diria o poeta (John Donne) e eternizado por Hemingway em Por quem os sinos Dobram: “Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente. Será? Há controvérsias. E de dúvidas, esse movimento coletivo tá cheio.

Você tem idéias libertárias como as desses caras? Então conheça Hakim Bey, um escritor americano, hoje com 64 anos. Conheci-o através de seu livro Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares emprestado por um anarcopunk chamado Pararraio quando fazia engenharia. Lembro que foi uma leitura do tipo soda-cáustica . Pois bem, o Hakim Bey criou um conceito: TAZ, Zonas Autônomas Temporárias. Ele prega pra desencanar dessa visão de querer-mudar-o-mundo-inteiro-duma-vez. Os coletivos atuam em áreas alternativas que servem para experimentar novas formas de viver influenciando outros que estão do lado de fora. Dentro do TAZ existem regras e idéias próprias e, talvez por isso, seja tão difícil encontrar traços comuns nessas intervenções coletivas apesar de compartilharem o mesmo conceito platônico: despertar a vida de outro ângulo.

“Nós, que vivemos aqui, somos os bichinhos microscópicos que vivem na base dos pêlos do coelho. Mas os filósofos tentam subir da base para a ponta dos finos pêlos, a fim de poder olhar bem dentro dos olhos do grande mágico. Ou seja, aquilo que tira o coelho da cartola: a verdade através da sua experiência (vide O Mundo de Sofia)

É tudo muito vertiginoso, eu sei, parece um porre de tequila num parque de diversões mas acredito que a sensação de que o mundo anda à beira de uma síncope pode ter sido notada por muitos por aí. Os espasmos se manifestam e é uma coisa que não se comenta muito, a gente só percebe quando olha a cidade através da janela do carro (enquanto isso outras pessoas discutem assuntos banais). Ou anda em São Paulo com um fone nos ouvidos sozinha. Falar nisso, 2+2=5 do Radiohead seria uma trilha adequada for such a nut place.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Em terra de zumbi quem tem 70 coro é rei



A sensação dos críticos de cinema e o fruto de uma cultura cada vez mais do it yourself é Marc Price, 30 anos, diretor do surpreendente Colin, um longa sobre zumbis. Mais um, e daí? Você pensa. Surpreendente mesmo não é o tema, mas o orçamento pra lá de trash. O cara teve a pachorra de ir ao Festival de Cannes com apenas -que agora descolem das bundas os respectivos ânus- $70, eu disse SE-TEN-TA míseros dólares!
Price que toca sua vida burocrática numa empresa de táxis inglesa, teve uma certa epifania sobre produzir um filme de zumbis, mas de um jeito que fosse possível sentir empatia por eles. No dia seguinte acordou com uma idéia original de ângulo - filmar sob o ponto de vista de um deles. "As pessoas me perguntam: como fiz isso acontecer? Em primeiro lugar, levantei o material que tinha em mãos. E eu tinha: um amigo para filmar e eu mesmo." Com ajuda de 2 câmeras capengas, tranqueiras emprestadas, Myspace, Facebook e uma vasta comunidade de artistas em Londres conseguiu número suficiente de figurantes e efeitos especiais (Price conheceu a maquiadora Michelle Webb que trampou na série X-Man, que ensinou e doou à "produção" maquiagens, como a cola que prendeu as costeletas de Hugh Jackman, tornando os atores menos toscos).
Editando como dava e custeando do mesmo modo, levou 18 meses para concluir o longa, incluindo desenvolvimento de roteiro próprio. "Nunca pensei em oferecer o filme a um estúdio. Queria provar que era possível cativar o público assim". Apesar de não conferir sua grande estréia por não encontrar ninguém na sala durante a exibição, foi tomar umas no bar. Fazendo as contas enquanto rolava a Semana, pensou "aonde é que consegui gastar $70 dólares?". E a resposta mais cara veio ao achar uma notinha: compra de um pé-de-cabra $11,90!
Isso é que é tirar leite da pedra. Digo, sangue, claustrofobia e muitas vísceras.
Como estagiária zumbi, sem verba, sem diploma e sem vergonha na cara, nada mais inspirador que essa notícia. E você, seu bunda-mole cheio de idéias também devia fazer algo, ou unir-se à quem tem certa coragem empreendedora. Setenta e, se não der, setenta de novo.

Cobertura completa durante a estréia de Colin em Cannes você confere aqui

Para quem se interessou no tema filmes de baixo orçamento saiba que existe em São Paulo um Festival de Cinema Trash Nacional chamado Cinema de Bordas (ocorrido em abril desse ano) contando com orçamentos de até $50 mil (parece o budget da Universal agora?) . Os títulos me pareceram interessantíssimos possuindo até os trailers nesse site.
É justo dizer que, nesse caso, morto-vivo adote outro significado: underground-maistream.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Chapeuzinho Didática




Era uma vez uma ova. Lembra daquela história infantil bem entonada, contada através de mímicas, grampeadores que se transformavam em jacarés e cromaquis mambembes no auge do programa Rá-Tim-Bum? Esqueça. Não que os talentosíssimos Arthur Kohl, Marcelo Tas e toda aquela trupe não fossem fantásticas, afinal dirigidos por nada menos que Fernando Meirelles, né beim (que por sinal descobri recentemente, com uma surpresa "puxa-então-era-ele-que-me-prendia-no-sofá!") . Mas as histórias criam pó, a maneira de contá-las também e que dirá da avalanche de informação diária, estatísticas, fontes e aquela caralhada toda de internet 3.0 e conteúdo colaborativo online versus livro de contos-de-fadas. Da próxima vez que quiser contar um clássico literário para seu priminho, apresente um infográfico junto, ou ele vai preferir ouvir uma piada vagabunda do Tiririca à bocó da Chapeuzinho Vermelho sendo narrada.
História bem contada vírgula: com gráficos, curiosidades e que seja bem diagramada seu noobie.

sábado, 11 de julho de 2009

26.07 - Domingo - 16h
2º Sarau Caiçara

Pinacoteca Benedicto Calixto.
Av. Bartolomeu de Gusmão, 15
Santos - SP. CEP 11045-400.
Telefax (13) 3288-2260
Mendigo não tem dente, não toma banho, não corta cabelo e dorme no nosso caminho e, a não ser que peguem fogo, simplesmente não os vemos. (Tirem a poesia do pedestal!)

Seu sentimento não importa. Importante é o que você faz com ele. (O Leitor)


Enquanto na língua portuguesa existe apenas uma palavra para o sentimento mais generoso de todos, na língua grega são conotados 4 significados para amor. Storgé: amor de família. Philia: amor de amigo. Eros: amor de atração. Ágape: amor altruísta. Saudade, provavelmente, é a catarse de uma das quatro ou de todas elas. Não falo grego: todo mundo sente falta daquilo que é insubstituível.
Amor e tosse não dá pra esconder. Provérbio romano.
Espalhada essa mensagem por sampacity. Já descobriu-se quem é o autor. Nada menos que Pereio, o Bukowski brasuca.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sô , Xarney!

Quem não aguenta o santo, não carrega o patuá.